segunda-feira, 19 de agosto de 2013

34 Estudos Médicos Confirmando que Maconha Cura o Câncer







Por Bedrocan, Ativista e Auto-Cultivador Cannábico do Coletivo Growroom.net

As reivindicações - às vezes selvagens – diante de estudos que comprovam que a cannabis (ou maconha) cura o câncer são frequentemente descartadas como falácias ou charlatanismo. Afinal, se a cannabis cura o câncer realmente, ela não poderia ser usada na medicina moderna? Não poderiam os médicos prescrever isso aos seus pacientes? Não poderia a cannabis pelo menos ser classificada como um medicamento por parte do governo?

O fato é que há um grande grupo de empresas que fazem uma quantidade ainda maior de dinheiro com a venda e perpetuação de produtos químicos fabricados e indicados para o tratamento do câncer. A vida de vários profissionais bem sucedidos depende dessas empresas e seus medicamentos. Assim a maconha, uma planta que pode ser cultivada em seu quintal, representa uma grande ameaça para a fábrica de "dinheiro químico" que essas pessoas têm em sua posse.


Afora “o mercado” dos internamentos e tratamentos para viciados, fruto da política proibicionista de Guerra as Drogas: começa com extorsões e prisões, e termina com a produção social do vício.

Assim como a exclusão social dos direitos de qualquer minoria (como os homossexuais), a partir de preconceitos, os usuários de maconha são culpabilizados e julgados criminosos por suas preferências pessoais. São obrigados a aguentarem calados e sem representação legal em sua defesa. Ou são tratados como doentes: num artigo futuro falaremos sobre a hipótese da automedicação no uso de drogas e substâncias psicoativas, como forma de contrapor essas visões estigmatizantes, pejorativas e preconceituosas daqueles que usam substâncias.




Atualmente 59.300 prisioneiros acusados ​​ou condenados por violar as leis de maconha estão atrás das grades nos EUA. Destes, 17.000 estão atrás das grades unicamente por posse, não tráfico. Fazer cumprir as leis de maconha lá custa cerca de US$ 10 a 15 bilhões somente em custos diretos, sem mencionar os custos sustentados de encarceramento do indivíduo que não fez nada para prejudicar ninguém. Estima-se que o dinheiro gasto na aplicação de leis inúteis da maconha é o dobro do que se gasta com educação nos EUA.




Há uma campanha ostensiva realizada de forma embusteira, sendo travada pelo complexo industrial médico-químico-farmacêutico para reprimir o uso e cultivo desta planta altamente benéfica. As vítimas: nossos entes queridos, ou talvez nós mesmos.Tudo por conta da ganância e procura por lucros desenfreados.



Com uma pesquisa rápida no youtube você encontrará dezenas de depoimentos e vídeos de pessoas que afirmam ter alcançado a cura do câncer com cannabis, como o documentário Run From the Cure (traduzindo, Correndo da Cura, de Rick Simpson), aonde um homem relata de forma comovente como quase morreu, e seu amor pela cannabis.




Quão válidas são essas afirmações? É a ciência real que dá apoio a essas estórias de cura de câncer? A resposta é sim, elas são, de fato, apoiadas por estudos científicos. Tal como qualquer tratamento com uma taxa de sucesso de 100% é altamente improvável. Esta planta incrível permanece ilegal, fica incapaz de ser estudada em um fórum mais amplo e torna-se uma "farsa" ou um “perigo”.




Abaixo está uma lista de 34 estudos para os céticos por aí. Eles são classificados por tipo de câncer e tratamento (os estudos e pesquisas estão em ingês).

Maconha Cura Câncer no Cérebro

Maconha Cura Câncer de Boca e Garganta

Maconha Cura Câncer de Mama

Maconha Cura Câncer de Pulmão

Maconha Cura Câncer Uterino, Testicular e Pancreático

Maconha Cura Câncer de Próstata

Maconha Cura Câncer Colorretal

Maconha Cura Câncer de Ovário

Maconha Cura Câncer de Sangue

Maconha Cura Câncer de Pele
  
Maconha Cura Câncer de Fígado
Maconha Cura Câncer do Trato Biliar

Maconha Cura Câncer de Bexiga
  
Maconha Cura Câncer em Geral




 Fonte: http://www.realfarmacy.com/34-medical-studies-for-the-skeptic/

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Relato sobre a maconha por Carl Sagan

Este relato foi escrito em 1969 pelo cientista e divulgador científico Carl Sagan para publicação no livro "Marijuana Reconsidered" (1971) do Dr. Lester Grinspoon (Harvard Medical School), sob o pseudômino Mr. X.



Tudo começou há cerca de dez anos atrás. Eu tinha chegado a um período consideravelmente mais relaxado na minha vida - um momento no qual eu passei a sentir que havia mais na vida do que a ciência, um momento de despertar da minha consciência social e amabilidade, um tempo no qual que eu estive aberto a novas experiências. Eu tinha amizade com um grupo de pessoas que ocasionalmente fumavam maconha, de forma irregular, mas com evidente prazer. Inicialmente eu não estava disposto a participar, mas a euforia aparente que a cannabis produzia e o fato de que a planta não criava vício fisiológico, eventualmente me persuadiram a tentar. Minhas experiências iniciais foram totalmente decepcionantes; não houve efeito algum, e eu comecei a cogitar uma variedade de hipóteses sobre a cannabis ser um placebo, que funciona pela expectativa e hiperventilação ao invés de química. Após cerca de cinco ou seis tentativas sem sucesso, no entanto, aconteceu. Eu estava deitado de costas na sala de estar de um amigo examinando ociosamente o padrão de sombras no teto expressos por um vaso de plantas (não cannabis!). De repente eu percebi que eu estava examinando uma intricada e detalhada miniatura de um Volkswagen, claramente delineada pelas sombras.
Eu era muito cético a esta percepção, e tentei encontrar inconsistências entre Volkswagen e o que eu via no teto. Mas tudo estava lá, até calotas, placa de licença, cromo, e até mesmo a pequena alça utilizada para a abertura do porta-malas. Quando eu fechei os olhos, fiquei chocado ao descobrir que havia um filme passando no interior das minhas pálpebras. Flash... uma simples cena de um campo com uma casa de fazenda vermelha, um céu azul, nuvens brancas, caminho amarelo sinuoso entre colinas verdes ao horizonte... Flash... a mesma cena, casa laranja, céu marrom, nuvens vermelhas, caminho amarelo, campos violetas . . . Flash . . . Flash . . . Flash. Os flashes vieram a cerca de uma vez por cada batimento cardíaco. Cada flash trouxe a mesma cena simples em vista, mas cada vez com um conjunto diferente de cores...matizes extraordinariamente profundas, e surpreendentemente harmoniosas em sua justaposição. Desde então, tenho fumado ocasionalmente e desfrutado completamente. Ela amplifica sensibilidades tórpidas e produz o que para mim são efeitos ainda mais interessantes, como vou explicar brevemente.

Eu posso lembrar-me de outra breve experiência visual com cannabis, na qual eu vi uma chama de vela e descobri no coração da chama, em pé com indiferença magnífica, o cavalheiro espanhol de chapéu preto e capa que aparece no rótulo da garrafa de vinho Sandeman. Olhar para chamas sob o efeito, a propósito, especialmente através de um daqueles caleidoscópios de prisma que modificam a imagem de todo seu entorno é uma experiência extraordinariamente tocante e bonita.



Eu quero explicar que em nenhum momento eu pensei que estas coisas estavam "realmente" ali. Eu sabia que não havia Volkswagen no teto e não havia homem salamandra Sandeman na chama. Eu não sinto qualquer contradição nestas experiências. Há uma parte de mim fazendo, criando a percepção que na vida cotidiana seria bizarra; e há uma outra parte de mim que é uma espécie de observador. Cerca de metade do prazer vem da parte-observador apreciando a obra da parte-criadora. Eu sorrio, ou às vezes até rio em voz alta das imagens no interior de minhas pálpebras. Neste sentido, suponho que a cannabis seja psicotomimética, mas não sinto nem o pânico ou terror que acompanham algumas psicoses. Possivelmente isso é porque eu sei que é minha própria viagem, e que eu posso "descer" rapidamente em qualquer momento que, se eu quiser.

Enquanto minhas percepções iniciais foram todas visuais, e carentes de imagens de seres humanos, esses dois itens mudaram nos anos seguintes. Hoje um único 'baseado' é o suficiente para me deixar sob o efeito. Eu testo se estou sob o efeito fechando os olhos e esperando pelos flashes. Eles vêm muito antes de outras alterações em minha visão ou outras percepções. Eu penso que este é um problema de ruído de sinal, o nível de ruído visual é muito baixo com os olhos fechados. Um outro interessante aspecto de informação teórica é a prevalência - pelo menos nas minhas imagens em flash - de desenhos animados: apenas os contornos das figuras, caricaturas, e não fotografias. Eu acho que isso é simplesmente uma questão de compressão de informação, seria impossível compreender o conteúdo total de uma imagem a partir do conteúdo de informação de uma fotografia comum, digamos, 108 bits, na fração de segundo que ocupa um flash. E a experiência do flash é projetada, se é que posso usar essa palavra, para apreciação imediata. O artista e o espectador são um. Isso não quer dizer que as imagens não são maravilhosamente detalhadas e complexas. Eu tive recentemente uma imagem em que duas pessoas estavam conversando, e as palavras que eles estavam dizendo formavam e desapareciam em amarelo acima de suas cabeças, em cerca de uma sentença por batimento cardíaco. Desta forma foi possível acompanhar a conversa. Ao mesmo tempo, uma palavra ocasionalmente aparecia em letras vermelhas, entre os amarelos acima de suas cabeças, perfeitamente no contexto da conversa, mas se um lembrava-se destas palavras vermelhas, eles enunciavam um conjunto completamente diferente de declarações penetrantemente críticas para a conversa. O conjunto inteiro da imagem que eu esbocei aqui, eu diria que pelo menos 100 palavras amarelas e algo como 10 palavras vermelhas, ocorreu em algo menos de um minuto.

A experiência com cannabis tem melhorado muito o meu apreço pela arte, um assunto que eu nunca tinha apreciado antes. A compreensão da intenção do artista que eu posso alcançar quando estou sob efeito algumas vezes é mantida quando não estou mais sob o efeito. Esta é uma das muitas fronteiras humanas que a cannabis me ajudou a atravessar. Há também alguns entendimentos profundos relacionadas a arte - não sei se são verdadeiras ou falsas, mas elas foram divertidas de formular. Por exemplo, eu ter passado algum tempo elevado a olhar para o trabalho do surrealista belga Yves Tanguey. Alguns anos mais tarde, eu emergi de um longo mergulho no Caribe e descansei exausto em uma praia formada pela erosão nas proximidades de um recife de coral. Examinando ociosamente os fragmentos arqueados de coral de cor pastel que ia até a praia, vi diante de mim uma grande pintura de Tanguey. Talvez Tanguey tenha visitado aquela praia na sua infância.

Uma melhoria muito semelhante na minha apreciação pela música ocorreu com a cannabis. Pela primeira vez eu fui capaz de ouvir as partes separadas de uma harmonia de três partes e a riqueza do contraponto. Desde então descobri que os músicos profissionais podem facilmente tocar muitas partes separadas simultaneamente em suas cabeças, mas esta foi a primeira vez para mim. Novamente, a experiência de aprendizagem quando sob o efeito teve pelo menos até certo ponto permanecido quando o efeito passa. O prazer da comida é amplificada; sabores e aromas surgem, que por alguma razão nós normalmente parecemos estar muito ocupados para notar. Eu sou capaz de dar a minha atenção para a sensação. Uma batata terá uma textura, um corpo, e sabor como o de outras batatas, mas muito mais. Cannabis também aumenta o prazer do sexo - por um lado dá uma extraordinária sensibilidade, mas também por outro lado adia o orgasmo: em parte por me distrair com a profusão de imagens que passam diante dos meus olhos. A duração do orgasmo parece se alongar muito, porém esta pode ser a experiência comum de expansão do tempo que ocorre ao se fumar cannabis.



Eu não me considero uma pessoa religiosa, no sentido usual, mas há um aspecto religioso em algumas experiências. A sensibilidade em todas as áreas me dão um sentimento de comunhão com o meu entorno, tantos animados quanto inanimados. Às vezes, um tipo de percepção existencial do absurdo toma conta de mim e eu vejo com terríveis certezas as hipocrisias e atitudes minhas e dos meus semelhantes. E em outras vezes, há um sentido diferente do absurdo, uma lúdica e fantástica consciência. Ambos os sentidos do absurdo podem ser comunicados, e algumas das 'viagens' mais gratificantes que tive foram ao compartilhar conversas e percepções e humor. A cannabis nos traz a consciência de que nós gastamos uma vida inteira sendo treinados para ignorar, esquecer e colocar para fora de nossas mentes. A noção de como o mundo realmente é pode ser enlouquecedora; a cannabis me trouxe alguns sentimentos de como é ser louco, e como usamos a palavra "louco" para evitar pensar em coisas que são muito dolorosas para nós. Na União Soviética dissidentes políticos são rotineiramente colocados em manicômios. O mesmo tipo de coisa, um pouco mais sutil, talvez, ocorre aqui: "você ouviu o que Lenny Bruce disse ontem? Ele deve estar louco". Quando na experiência sob cannabis descobri que há alguém dentro daquelas pessoas que chamamos de loucos.

Quando estou sob o efeito, posso penetrar no passado, recordar memórias de infância, amigos, parentes, brinquedos, ruas, cheiros, sons e sabores de uma época que já desapareceu. Eu posso reconstruir atuais ocorrências de episódios de infância entendidos apenas pela metade na época. Muitas, mas não todas minhas viagens com cannabis, têm em algum lugar um simbolismo importante para mim que não vou tentar descrever aqui, uma espécie de mandala em alto relevo na 'viagem'. Associar-se livremente a esta mandala, tanto visualmente quanto como em palavras, produz um leque muito rico de entendimentos profundos.

Existe um mito sobre tais entendimentos/insights: o usuário tem uma ilusão de grande entendimento/insight, mas ele não sobrevive ao escrutínio na manhã seguinte. Estou convencido de que isto é um erro, e que os insights devastadores alcançados quando sob o efeito são percepções reais, o problema principal é colocar essas ideias em uma forma aceitável para nós mesmos quando não estivermos mais sob o efeito no dia seguinte. Algum dos mais difíceis trabalhos que já fiz foi gravar tais ideias em fita ou por escrito. O problema é que dez idéias ou imagens ainda mais interessantes se perdem no esforço de gravar uma. É fácil entender porque alguém pode pensar que é um desperdício de esforço ter todo este trabalho para colocar esses pensamentos no papel, após o efeito, uma espécie de intrusão da Ética Protestante. Mas já que eu vivo quase toda a minha vida sem estar sob o efeito, eu tive esse esforço - com sucesso, eu acho. Aliás, acho que ideias e entendimentos razoavelmente bons podem ser lembrados no dia seguinte, mas somente se algum esforço for feito para gravá-los de outra maneira, quando não estivermos mais sob o efeito. Se eu escrever o insight para dizer a alguém, então eu posso lembrar sem assistência na manhã seguinte, mas se eu apenas digo para mim mesmo que eu tenho que fazer um esforço para lembrar, eu nunca faço.

Acho que a maioria dos insights que eu consegui quando estava sob efeito foram sobre questões sociais, uma área de bolsa de estudos muito diferente daquela pela qual eu sou geralmente reconhecido. Lembro-me de uma ocasião, tomando um banho com a minha mulher ao mesmo tempo elevada, em que eu tive uma ideia sobre a origem e invalidez do racismo em termos de curvas de distribuição gaussiana. Foi um ponto óbvio de uma forma, mas raramente falado. Eu desenhei as curvas em sabão na parede do chuveiro, e fui escrever a ideia. Uma ideia levou a outra, e no final de cerca de uma hora de muito trabalho duro, eu descobri que tinha escrito onze ensaios curtos sobre uma ampla gama de tópicos sociais, políticos, filosóficos e biológico-humanos. Devido a problemas de espaço, não posso entrar em detalhes sobre estes ensaios, mas de todos os sinais externos, tais como reações públicas e comentários de especialistas, eles parecem conter insights válidos. Eu os usei em tratados acadêmicos, palestras públicas e em meus livros.

Mas deixe-me tentar pelo menos dar o sabor de tais insights/entendimentos e os seus acompanhamentos. Uma noite, sob efeito da cannabis, eu estava investigando a minha infância, um pouco de autoanálise, e fazendo o que me pareceu ser um progresso muito bom. Eu, então, parei e pensei o quão extraordinário foi Sigmund Freud, que sem ajuda de drogas, tinha sido capaz de alcançar a sua própria notável autoanálise. Mas então me bateu como um trovão que eu estava errado, que Freud tinha passado a década anterior de sua autoanálise como um experimentador e com um proselitizador para o uso da cocaína, e pareceu-me muito evidente que os genuínos insights psicológicos que Freud trouxe para o mundo foram pelo menos em parte derivados de sua experiência com drogas. Eu não tenho ideia se isso é de fato verdade, ou se os historiadores de Freud concordariam com esta interpretação, ou mesmo se tal ideia foi publicada no passado, mas é uma hipótese interessante e um que passa em primeiro lugar no escrutínio no mundo dos "caretas" ou "quadrados".



Eu posso lembrar-me da noite na qual de repente eu percebi como era ser louco, ou noites nas quais meus sentimentos e percepções foram de natureza religiosa. Eu tinha uma sensação muito precisa de que estes sentimentos e percepções, escritos casualmente, não resistiriam ao escrutínio crítico habitual que é o meu ganha-pão como cientista. Se eu encontro na parte da manhã uma mensagem de mim mesmo da noite anterior, informando-me que há um mundo que nos rodeia que mal percebemos, ou que podemos nos tornar um com o universo, ou mesmo que alguns políticos são homens desesperadamente assustados, eu posso tender para a descrença; mas quando estou sob o efeito, eu sei sobre essa descrença. E então eu tenho uma fita na qual eu argumento para mim mesmo para levar a sério tais comentários. Eu digo "Ouça com atenção, seu filho da puta da manhã! Esta coisa é real!" Tento mostrar que a minha mente está trabalhando com clareza; lembro-me o nome de um conhecido do colégio que eu não havia pensado em trinta anos, eu descrevo a cor, tipografia e formato de um livro em outra sala e estas memórias passam pela crítica do escrutínio da manhã. Estou convencido de que há níveis genuínos e válidos de percepção disponíveis com cannabis (e provavelmente com outras drogas), que são, através dos defeitos da nossa sociedade e do nosso sistema educacional, indisponíveis para nós sem essas drogas. Tal observação se aplica não apenas à autoconsciência e de atividades intelectuais, mas também para as percepções de pessoas reais, uma sensibilidade muito maior para a expressão facial, entonação, e escolha de palavras que às vezes produzem um relacionamento tão próximo, que é como se duas pessoas estivessem lendo cada uma a mente da outra.

A maconha possibilita não músicos saberem um pouco de como é ser um músico, a não-artistas a entender as alegrias da arte. Porém eu não sou nem um artista, nem um músico. E meu próprio trabalho científico? Enquanto eu encontro uma inclinação curiosa de não pensar em minhas preocupações profissionais enquanto sob o efeito - a atração em aventuras intelectuais sempre parecem estar em outra área - eu fiz um esforço curioso para pensar em alguns problemas particularmente difíceis da minha área sob o efeito da maconha. E funciona, até certo ponto. Eu posso atestar, por exemplo, alguns fatos experimentais relevantes que parecem serem mutuamente inconsistentes. Até agora tudo bem. Pelo menos nos trabalhos de memorização. Então ao tentar conceber um meio de reconciliar os fatos discrepantes, eu fui capaz de pensar numa possibilidade muito bizarra, uma que eu tenho certeza, nunca conseguiria ter pensado sem estar sob o efeito. Eu escrevi um artigo que menciona esta ideia em passagem. Eu penso ser algo pouco provável de ser verdade, mas que tem consequências que são testáveis experimentalmente, o que significa que é uma teoria aceitável.

Eu mencionei que na experiência da maconha há uma parte da sua mente que se mantém um observador impassível, que é capaz de diminuir o efeito da planta rapidamente se necessário. Eu fui, em algumas ocasiões, forçado a dirigir em trânsito pesado quando estava sob o efeito. Eu consegui fazê-lo sem dificuldade alguma, apesar de ter tido alguns pensamentos sobre as maravilhosas cores vermelhas-cereja das luzes de trânsito. Eu descobri que após dirigir eu não estava mais sob o efeito de forma alguma. Não haviam flashes dentro de minhas pálpebras. Se você está sob o efeito e seu filho está chamando, você pode responder de forma tão capaz como poderia normalmente. Eu não advogo dirigir quando sob o efeito da maconha, mas eu posso dizer baseado em experiência pessoal que pode certamente ser feito. Minhas "viagens" são sempre refletivas, meditativas, pacíficas, excitantes intelectualmente e sociávels, diferentes da maioria dos efeitos do álcool, e nunca há ressaca com a maconha. Através dos anos eu descobri que quantidades um pouco menores do que utilizava antes podiam produzir o mesmo grau de efeitos, e num cinema eu recentemente descobri que eu podia ficar sob o efeito somente ao inalar a fumaça de cannabis que permeava o cinema.



Há um aspecto auto-regulatório muito bom em relação à cannabis. Cada tragada é uma dose muito pequena, o intervalo de tempo entre a inalação de uma tragada e a sensação do seu efeito é pequeno; e não há desejo por mais após o efeito chegar. Eu acho que a relação R, do tempo de sentir a dose tomada ao tempo necessário para tomar uma dose excessiva é uma quantidade importante. R é muito grande para o LSD (que eu nunca tomei) e razoavelmente curto para cannabis. Pequenos valores de R deveriam ser uma medida da segurança de drogas psicodélicas. Quando a cannabis for legalizada, espero ver esta relação como um dos parâmetros impressos na embalagem. Espero que o tempo não seja muito distante, a ilegalidade da cannabis é ultrajante, um impedimento à plena utilização de uma droga que ajuda a produzir a serenidade e discernimento, sensibilidade e companheirismo tão desesperadamente necessários neste mundo cada vez mais louco e perigoso.

Tradução: F.O.A.P.
Texto original em inglês no site do Dr. Lester Grinspoon: http://marijuana-uses.com/mr-x/